Uma história inusitada aconteceu em um dos locais de prova do Enem, em Salvador, na manhã deste sábado (26). Uma estudante postou no facebook uma experiência que ela chamou de absurdo e descaso. A jovem, que autorizou a postagem no Bocão News, porém não quis ter o nome revelado, afirmou que o nome dela, "por erro no sistema", a colocou em uma sala onde somente adventistas fariam a prova. Com isso, o início da avaliação seria apenas às 18h. Isso porque faz parte da doutrina da religião adventista do Sétimo Dia guardar os sábados, dia no qual eles se abstêm de qualquer atividade, conforme descrito em (cf. Ex 20,8-11) - "Deus requer a santificação do sábado".
A questão é que a jovem não é adventista. Ao entrar na sala e apresentar a identificação, foi confirmado que o nome dela estava na lista e que a prova só iria começar às 18h. Sem concordar e buscando explicações, a jovem fora informada que tratava-se de uma sala onde apenas adventistas fariam a prova e que por algum erro o nome dela estava lá e nada poderia ser feito. Resultado: ela teria que esperar até o horário determinado para iniciar o Enem daquele grupo, sem poder usar celular, sair ou mesmo almoçar. Teria que ficar dentro da sala, incomunicável, até às 18h.
Discordando e considerando que teve o direito usurpado, a menina saiu da sala, desistiu do Enem e soltou o vebro no facebook. Confira abaixo, na íntegra:
"Hoje, dia 26 de outubro de 2013, primeiro dia de prova do ENEM, prova cuja inscrição foi feita há mais de 6 meses atras, me deparo com mais uma situação absurda da falta de organização e do descaso das instituições públicas desse país. Ao chegar no local de prova que me foi destinado, PAF 1 da UFBA, ao entrar na sala sou informada do "meu horário de prova" que seria às 18 horas. Me explicaram entao que por um erro de sistema, me alocaram em um pavilhão aonde todas as pessoas que fariam a prova eram da Igreja Adventista, e por guardarem o sábado por motivo religioso, só poderiam começar a prova depois das 18 horas. De todas as pessoas de minha sala, nenhuma professava tal religião, e todos foram prejudicados assim como eu, por um "erro do sistema de Brasília".
Todos os candidatos da sala tinham duas opções: ou aguardar o início da prova às 18 horas com termino às 22:30 (sem comer, sem beber, e sem poder se comunicar), ou ir embora e não realizar a prova. Como ao entrar na sala, ninguém tinha conhecimento de tal erro, obviamente ninguém foi preparado para ficar em cárcere privado das 12 as 18, para só após esse horário começar a prova. Em meu caso, que não precisava do ENEM deste ano porque ja estou inscrita na universidade que quero, no curso que quero, não fui tao penalizada (se é que posso colocar dessa forma), mas muitos de minha sala, que se prepararam o ano inteiro, pagaram a inscrição, precisavam da prova pra motivos diversos e foram lesados.
O coordenador, ao ouvir insistentemente meus pedidos para assinar a lista de presença para documentar que estive no local, simplesmente cochichou com o outro funcionário e colocaram a lista num envelope e levaram embora. Depois desse absurdo, sai da sala sem poder comprovar minha presença. Não fiquei indignada com a não realização do exame, mas com o absurdo de manter mais de 20 pessoas lesadas, confinadas em uma sala por no mínimo 9 horas, que tiveram seu direito completamente usurpado. Manter pessoas sem comer, sem beber, sem poder se comunicar com algum parente, que não tinham culpa alguma do que estava acontecendo. Qual a condição psicológica que algum ser humano tem para fazer 90 questões de prova nesse estado? Mais uma vez, os absurdos e o descaso desse país com sua população, que é constantemente prejudicada e que pouco se manifesta".
A reportagem do Bocão News tentou falar com a Central de Atendimento do Ministério da Educação, através do 0800616161, porém não obteve êxito. Já foi solicitado uma resposta sobre o assunto através do email do Inep. Até o fechamento desta matéria nenhuma resposta havia sido emitida ao Bocão News.
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