sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Baiana de 16 anos é aprovada em medicina na Ufba sem cursar ensino médio

Tô com CQC contra as drogas 
No chão do quarto, um volume surrado de Harry Potter e a Pedra Filosofal (em versão econômica) parece esquecido. Na prateleira, só algumas obras de literatura — de Jeff Lindsay a Machado de Assis. E, sobre o armário, duas únicas caixas dão conta dos materiais que preservou da escola. Com apenas 16 anos, e sem nem cursar o terceiro ano do ensino médio, Maria Paula Frias já está aprovada para o curso de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o quinto mais disputado do país. Detalhe: ela obteve a 10ª maior nota entre os classificados.

"Era o meu sonho, mas eu não tinha ideia de que iria tão bem"
Maria Paula Frias, 16 anos, aprovada para Medicina
Apesar do desempenho, Maria Paula ainda não pôde se matricular na Ufba. Isso porque  sua idade não permite obter o certificado de conclusão do ensino médio, necessário para a matrícula. A família, então, entrou com uma ação na Justiça para que a filha pudesse cursar o ensino superior sem precisar voltar à escola — o Colégio Sartre COC — onde as aulas já começaram. A juíza Renata Mesquita, da  14ª Vara Cível Federal entendeu que ela merece, sim, a vaga e emitiu uma liminar garantindo sua pré-matrícula — o que ela já fez na última segunda-feira.
Segundo o advogado da menina, Antonio Jorge Santos, a decisão  se baseou no artigo 205 da Constituição que versa sobre “razoabilidade e proporcionalidade”. “Decisõescomo esta valorizam a meritocracia, garantindo o acesso da jovem à universidade sem precisar concluir o ensino médio”, disse. Justiça à parte, Maria Paula já pode, inclusive, colocar no currículo duas aprovações em Enem.
Isso porque em 2012, quando ainda cursava o primeiro ano do ensino média, ela obteve 878 pontos — desempenho que lhe garantira vaga na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Além disso, ela tem quatro medalhas em Olimpíadas Brasileiras de Química - duas de ouro, uma de prata e outra de bronze. Apesar de tudo, ela  tinha dúvidas se seria classificada para a Ufba. “Era o meu sonho, mas eu não tinha ideia de que iria tão bem”, diz.
“Você não é deste mundo!”, “É um alienígena”, ouviu dos amigos. Mas está enganado o leitor se concorda, pois ela não tem nada de anormal. Muito estudiosa e responsável, ela revisava todos os assuntos da escola diariamente, mas nunca abdicou da vida social e jamais deixou de curtir os fins de semana. “Não sou a pessoa que mais estuda no mundo”, revela.
Maria Paula conta, inclusive, que só depois de tirar uma soneca de meia hora e ir à academia  se dedicava aos conteúdos para o Enem.  Filha de cubanos, ela nasceu no Rio e vive em Salvador desde 2009. Hoje, mora na Pituba. A mãe, socióloga, e o pai, engenheiro nuclear, são seus exemplos. Mas o interesse em Medicina veio da vontade de exercer a solidariedade e a “arte de fazer cirurgias”.  News SAJ/Correio

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