sábado, 24 de janeiro de 2015

Parado há 1 mês, equipamento no TO contribuiu para restrição de energia


A restrição no envio de energia do Norte para o Sudeste do país, causada por defeito em equipamentos de uma linha de transmissão em manutenção há mais de um mês, é uma das causas do apagão que na segunda-feira (19) atingiu 11 estados e o Distrito Federal. O próprio Ministério de Minas e Energia confirmou ao G1 que o problema na interligação Norte-Sudeste está entre as causas do corte de luz. De acordo com o ministério e com Furnas, empresa da estatal Eletrobras que administra a linha, um banco de capacitores de uma subestação localizada em Gurupi, no Tocantins, está desligado desde o dia 14 de dezembro, depois de apresentar defeito. Com o equipamento fora de operação, reduziu-se em 12,2% a capacidade máxima de transmissão de energia das regiões Norte e Nordeste para o Sudeste do país: de 4.100 MW (megawatts) para 3.600 MW.
Apagão - De acordo com o ONS, o apagão ocorreu às 14h55 da segunda (19). No mesmo dia o órgão informou, em nota, que o problema foi causado pelo aumento da demanda e por “restrição na transferência de energia das regiões Norte e Nordeste para o Sudeste.” Em entrevista também na segunda, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmou que uma das causas do apagão era uma falha em banco de capacitores na linha Norte-Sul. Entretanto, nem o ONS, nem o Ministério de Minas e Energia, informaram na oportunidade que a restrição no envio de energia se devia a um equipamento desligado para manutenção há mais de um mês, justamente em numa época em o país costuma bater recordes de consumo devido ao calor. Questionados, tanto o ministério quanto Furnas negaram atraso na conclusão da manutenção. De acordo com a empresa, “o equipamento está em fase final de manutenção/montagem e tem previsão de ser liberado para operação na próxima segunda-feira (26).” A previsão inicial, informou, era que isso ocorresse apenas em 31 de janeiro.
Crise energética - Estados como São Paulo e Rio de Janeiro têm registrado calor recorde nas últimas semanas. Com isso, a demanda por energia aumenta devido principalmente ao uso mais intenso de aparelhos de ar condicionado. Além disso, a região Sudeste enfrenta crise provocada pela falta de chuvas, que vem reduzindo o volume de água nos reservatórios de suas hidrelétricas. Atualmente, essas represas registram armazenamento médio de 17%. Por conta desses dois fatores, o Sudeste, principal centro consumidor do país, vem dependendo cada vez mais da energia enviada de outras regiões, por meio das linhas de transmissão do Sistema Interligado Nacional (SIN). Depois do apagão, o Brasil passou a importar energia da Argentina para atender a parte da demanda nos momentos de pico de consumo.
Efeito dominó - Por contra da restrição na linha de transmissão, na segunda (19) faltou energia para atender a toda a demanda do Sudeste. Essa situação gerou um desequilíbrio, uma variação na frequência da energia, que provocou o acionamento do sistema de segurança de 11 usinas geradoras no país, desligadas para evitar danos em suas máquinas. O ONS, então, determinou a distribuidoras que cortassem o fornecimento de energia em pontos selecionados. O objetivo era acabar com a diferença entre oferta e demanda para reequilibrar o sistema. Cerca de uma hora depois, de acordo com o órgão, o fornecimento estava reestabelecido em todo o país. Oficialmente, o governo, junto com o ONS, ainda investiga todas as causas do apagão. O ministro Eduardo Braga tem negado falta de energia no país para atender a toda a demanda neste início de ano de forte calor.

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